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Robert Hooke e outros cientistas: A Teoria Celular

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Robert Hooke (1635-1703) foi um cientista que nasceu em uma época de largos horizontes intelectuais na Idade Média. Possuía um apurado espírito científico e uma forte aceitação a novos métodos de pesquisa que favorecessem o conhecimento, considerando a experiência como a melhor forma de abordar os fenômenos naturais, a única maneira de se conhecer a natureza e o comportamento dos corpos. Tendo se dedicado a uma gama variadíssima de assuntos, ele tocou em quase todos os campos das ciências físicas: é o criador da meteorologia científica, fez importantes observações em Astronomia, realizou trabalhos fundamentais sobre respiração e combustão, além de ser o fundador da moderna Geologia.
Robert Hooke (1635-1703)
Uma de suas pesquisas resultou em um modelo de microscópio composto que consistia em três lentes montadas em uma estrutura tubular extensível de madeira e cartão, revestida exteriormente de couro finamente decorado. O instrumento estava montado de modo a poder ser inclinado no ângulo conveniente. Concebeu igualmente para o microscópio um complexo sistema de iluminação, constituído por uma esfera de vidro cheia de água que recebia a luz de uma lâmpada de azeite concentrando-a sobre a amostra a observar. Esse dispositivo permitia uma ampliação de 30 vezes. 

Obra Micrographia
Com o seu microscópio, Hooke dedicou-se à observação de tudo quanto lhe despertava curiosidade, como plantas, insetos, penas de aves, fósseis, rochas e até a estrutura de cristais de neve, demonstrando o largo espectro dos seus interesses científicos. Fez desenhos minuciosos dessas observações, complementados com detalhadas descrições escritas, e reuniu-os em um livro que intitulou Micrographia. Das 60 observações descritas na obra, 42 são referentes a seres vivos, dentre as quais 15 a vegetais e 27 a animais, das quais se destacam os insetos com 16 descrições. Assim, a Micrographia é uma obra de grande interesse para a história da biologia, não só pelo número de minuciosas observações de partes e órgãos de vegetais e animais, mas pelos conceitos e ideias que Hooke desenvolve sobre eles.

Para a história das ciências, dentre a enorme diversidade de observações presentes na Micrographia, destaca-se a da estrutura da cortiça, não só por ser a mais famosa dessas observações, mas também por ter dado origem à criação de um termo importante na Biologia. Foi quando estudava a cortiça que Hooke usou pela primeira vez na história da ciência a palavra célula, com o mesmo significado biológico adotado atualmente.

Cortiça observada e desenhada por Hooke

Antonie van Leeuwenhouek (1632-1723) foi um comerciante de tecidos e um construtor de microscópios, sendo conhecido àquela época por ter a maior coleção de lentes do mundo, totalizando cerca de 250. Trabalhando desde a adolescência como negociante de tecidos, ganhou bastante dinheiro e adquiriu suficiente estabilidade econômica e, a partir dos 40 anos, resolveu se dedicar a fabricação de lentes e desenvolver equipamentos e métodos próprios, que manteve em segredo, para realizar experiências para o estudo dos microrganismos. Inventou uma técnica de esmerilhamento de lentes de alta qualidade, porém nunca a divulgou. Foi responsável pelo aprimoramento do pioneiro modelo de Hooke, desenvolvendo equipamentos capazes de aumentar a imagem cerca de 200 vezes. Em suas pesquisas, ele refutou a teoria da geração espontânea (abiogênese) que existia pelo menos desde a época de Aristóteles, que centralizava sua ideia no princípio de que todos os seres inferiores e/ou unicelulares se originavam da matéria inanimada. Sendo assim, Leeuwhenhouek é considerado o criador da microbiologia. 

Em 1673Leeuwenhouek observou células animais em seu microscópio: as sanguíneas. De início, os glóbulos vermelhos não foram considerados como células, uma vez que, para Leeuwenhoeck, essas células pareciam deficientes de compartimentos básicos dos quais Mathias Schleiden havia se dedicado a pesquisar. Leeuwenhoeck também estudou cuidadosamente o núcleo celular, o que contribuiu significativamente para o entendimento do papel da célula nos seres vivos. Com isso, foi descoberto o nucléolo, núcleo do núcleo, e que todas as células, exceto das hemácias, são dotadas de núcleo.

Somente um século e meio após da descoberta da célula é que a Teoria Celular foi lançada. Antes disso, os supracitados e outros vários cientistas já se ocupavam de compreender a estrutura e o funcionamento da célula, gerando conhecimentos que se tornaram fundamentais para o desenvolvimento da Biologia, mais especificamente da Citologia, ramo da ciência que estuda a estrutura, as funções e o desenvolvimento celular.

Hoje sabemos que todo ser vivo, seja ele membro do reino Plantae, Animallia, Protista, Fungi ou Monera é composto por célula, alguns por uma única, outros por várias, e que muitas dessas células apresentam diferenças com relação a outras, mas desempenham basicamente o mesmo papel: estruturar, realizar atividade metabólica e transmitir informações genéticas.

Proposta em meados do século XIX pelo botânico alemão Mathias Jakob Schleiden e pelo zoólogo também alemão Theodor Schwann, a Teoria Celular estabelece que a célula é a unidade fundamental da vida, sendo assim, que tudo o que se considera vivo é composto e estruturado por células, seja por trilhões delas ou por uma apenas.

  1. Todos os organismos vivos (exceto os vírus) são constituídos por uma ou mais células.
  2. As células contém a informação hereditária do organismo da qual fazem parte, e essa informação é repassada da célula-mãe às células-filhas (DNA e RNA).
  3. Grande parte das reações químicas dos organismos ocorre dentro das células.
  4. As células originam-se de outras células, ou seja, existe um processo de reprodução.
Esta última ideia foi uma conclusão do russo Rudolph Virchow em 1855. Ele resumiu esta ideia numa frase em latim, que se tornou muito famosa: "Omnis cellula ex cellula". A ideia de Virchow foi apoiada, em 1878, pelo biólogo Walther Flemming, quem descreveu a ricos detalhes o processo de reprodução celular.

Referências/Links Externos:
Robert Hooke (1635-1703)
Robert Hooke e o problema da geração espontânea no século XVII
Antonie van Leenwenhouek
Teoria Celular

Sobre Mallully

Maria Luiza Pinto, 20 anos, mora em Fortaleza. Tendo cursado Letras na Universidade Federal do Ceará por cinco semestres, teve o gostinho do que um dia quer fazer apenas por hobbie, porque admira mas detesta a atividade de lecionar. Atualmente cursando Fisioterapia, nunca tendo antes aprofundado seus estudos na área da Saúde, mas justamente por essa razão está tentando dar o seu melhor. Amante da pintura, da fotografia, da música e da literatura, se propõe a rabiscar nas paredes da mente quando bate a inspiração, ávida farejadora de qualquer conhecimento que consiga pôr as mãos em. Tem gostos estranhos para leitura mas aprecia o melhor que se pode adquirir de cada obra. Está detestando escrever na terceira pessoa e jurando nunca mais fazer isso de novo.
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