Título: Muito barulho por nada (Much ado about nothing)
Autor: William Shakespeare
Páginas: 152
Editora: Coleção L&PM Pocket
Tradutor: Beatriz Viéga-Faria
BENEDITO - Oh, prezada senhorita Desdém! Ainda estais viva?
BEATRIZ - Como poderia morrer o Desdém, se para alimentar-se encontra matéria da espécie do senhor Benedito? Onde quer que apareçais, a própria Cortesia se transforma em desdém.
BENEDITO - É porque a Cortesia gosta de virar casaca. Mas uma coisa é certa: com exceção de vós, todas as mulheres se apaixonam por mim. Só desejara que o coração me dissesse que eu não sou duro de coração, porque, para ser franco, não dedico amor a nenhuma.
BEATRIZ - O que constitui verdadeira felicidade para as mulheres, que, desse modo, ficam livres de um galanteador importuno. Dou graças a Deus por ter o sangue frio; nesse ponto nos parecemos. Prefiro ouvir meu cachorro latir para uma gralha a ouvir um homem dizer que me dedica amor.
BENEDITO - Deus conserve sempre Vossa Senhoria com semelhante disposição, que, desse modo, um gentil-homem honesto evitará no rosto os arranhões que o Destino lhe tenha reservado.
BEATRIZ - Se ele tiver um rosto como o vosso, os arranhões não o deixarão pior.
BENEDITO - Daríeis uma excelente professora de papagaios.
BEATRIZ - É preferível uma ave da minha língua a um animal da vossa.
BENEDITO - Só quisera que o meu cavalo fosse tão veloz quanto vossa língua e que possuísse tão bom fôlego. Mas em nome de Deus, prossegui vosso caminho; já terminei.
BEATRIZ - Terminais sempre com alguma partida de sendeiro. Não é de hoje que vos conheço.
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