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» » » Muito barulho por nada, de William Shakespeare

Título: Muito barulho por nada (Much ado about nothing)
Autor: William Shakespeare
Páginas: 152
Editora: Coleção L&PM Pocket
Tradutor: Beatriz Viéga-Faria


A trama rodeia um homem e uma mulher, ambos espirituosos, astutos e igualmente bem articulados que têm em comum a habilidade de arquitetar respostas rápidas para qualquer pergunta ou afirmação. É com base nas falas de Beatriz e Benedito que se constrói a vereda cômica da obra, sendo a desordem armada pelos dois ao se encontrarem o principal foco do prazer da plateia. Benedito é um rapaz formoso e querido pelas mulheres, mas Beatriz recusa-se a derreter-se por ele como as outras moças. Logo nasce uma fagulha de ódio entre os dois, ambos tendo a ideia do casamento como algo repugnante. O lado trágico da peça brota da intriga armada por um homem vingativo e carregado de ódio. Com provas quase convincentes, a donzela Hero, prima de Beatriz, é acusada de traição.





BENEDITO - Oh, prezada senhorita Desdém! Ainda estais viva?
BEATRIZ - Como poderia morrer o Desdém, se para alimentar-se encontra matéria da espécie do senhor Benedito? Onde quer que apareçais, a própria Cortesia se transforma em desdém.
BENEDITO - É porque a Cortesia gosta de virar casaca. Mas uma coisa é certa: com exceção de vós, todas as mulheres se apaixonam por mim. Só desejara que o coração me dissesse que eu não sou duro de coração, porque, para ser franco, não dedico amor a nenhuma.
BEATRIZ - O que constitui verdadeira felicidade para as mulheres, que, desse modo, ficam livres de um galanteador importuno. Dou graças a Deus por ter o sangue frio; nesse ponto nos parecemos. Prefiro ouvir meu cachorro latir para uma gralha a ouvir um homem dizer que me dedica amor.
BENEDITO - Deus conserve sempre Vossa Senhoria com semelhante disposição, que, desse modo, um gentil-homem honesto evitará no rosto os arranhões que o Destino lhe tenha reservado.
BEATRIZ - Se ele tiver um rosto como o vosso, os arranhões não o deixarão pior.
BENEDITO - Daríeis uma excelente professora de papagaios.
BEATRIZ - É preferível uma ave da minha língua a um animal da vossa.
BENEDITO - Só quisera que o meu cavalo fosse tão veloz quanto vossa língua e que possuísse tão bom fôlego. Mas em nome de Deus, prossegui vosso caminho; já terminei.
BEATRIZ - Terminais sempre com alguma partida de sendeiro. Não é de hoje que vos conheço.

Sobre Mallully

Maria Luiza Pinto, 20 anos, mora em Fortaleza. Tendo cursado Letras na Universidade Federal do Ceará por cinco semestres, teve o gostinho do que um dia quer fazer apenas por hobbie, porque admira mas detesta a atividade de lecionar. Atualmente cursando Fisioterapia, nunca tendo antes aprofundado seus estudos na área da Saúde, mas justamente por essa razão está tentando dar o seu melhor. Amante da pintura, da fotografia, da música e da literatura, se propõe a rabiscar nas paredes da mente quando bate a inspiração, ávida farejadora de qualquer conhecimento que consiga pôr as mãos em. Tem gostos estranhos para leitura mas aprecia o melhor que se pode adquirir de cada obra. Está detestando escrever na terceira pessoa e jurando nunca mais fazer isso de novo.
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