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» » » » Componentes fundamentais da peça teatral, de Massaud Moises


 
Existem três componentes fundamentais a serem analisados em uma peça: a ação, o cenário e o diálogo. Quando texto literário, apenas são levados em conta o enredo, que corresponde à ação, e as personagens. Com base no que foi dito por Aristóteles em sua Poética, ainda podia se considerar o pensamento, o conteúdo, a tese, a "mensagem", como um dos ingredientes de toda peça de teatro. Na verdade, tudo numa peça, desde o tempo até a encenação, lhes está fatalmente associado. Se pensarmos apenas no texto literário, vemos que ele carece da representação.

São as duas forças motrizes da peça teatral: o enredo e as personagens, e tudo o mais está condicionado. Se observarmos mais afundo, veremos que o enredo e as personagens têm entre si uma inquestionável relação, fazendo-os quase uma só entidade. Vale dizer, então, que o enredo somente se organiza com as personagens, de forma que sem elas não haveria enredo. E como sabemos que sem enredo não há peça, as personagens guardam consigo a condição básica para uma peça. Por outro lado, as personagens apenas existem em função do e no enredo. 
 
Embora entre o enredo e as personagens exista uma reciprocidade equivalente a uma identidade, os estudiosos se perguntam qual dos dois é o mais importante. Como sempre, a questão levanta dúvidas que são difíceis de sintetizar, mas, seja como for, é um problema aberto a controvérsias de várias ordens. Para Aristóteles, como é visto, o enredo corresponde à parte mais relevante de uma peça de teatro, pois em ação se transforma ou se revela tudo que é de mais valioso e significativo para o homem: a felicidade ou a infelicidade. Decerto o filósofo somente podia defender a predominância do enredo sobre as personagens se aceitarmos que nem tudo se manifesta na ação, ou ainda, que o mais profundo de cada pessoa constitui a vida interior secreta, inacessível e inexprimível, o postulado aristotélico perde um tanto de seu valor.
 
Na verdade, há peças em que se predomina a ação e em outras a personagem, outras o pensamento. No primeiro caso, as personagens aparecem como fatores de enredo, quase destituídas de identidade. No segundo, a ação semelha consequência dos caracteres em presença, como no teatro shakespeariano. Na última, encontram seu campo eleito no teatro experimental de nossos dias. Entenda-se, também, que tudo é uma questão de grau, uma vez que qualquer uma dessas configurações não elimina a outra, além de que a prevalência da ação sobre os protagonistas não significa que as outras devem ser desprezadas pura e simplesmente. É tudo uma questão de ângulo da análise.
 
Resumo de:
MOISES, Massaud. A análise literária. 17.ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2005.

Sobre Mallully

Maria Luiza Pinto, 20 anos, mora em Fortaleza. Tendo cursado Letras na Universidade Federal do Ceará por cinco semestres, teve o gostinho do que um dia quer fazer apenas por hobbie, porque admira mas detesta a atividade de lecionar. Atualmente cursando Fisioterapia, nunca tendo antes aprofundado seus estudos na área da Saúde, mas justamente por essa razão está tentando dar o seu melhor. Amante da pintura, da fotografia, da música e da literatura, se propõe a rabiscar nas paredes da mente quando bate a inspiração, ávida farejadora de qualquer conhecimento que consiga pôr as mãos em. Tem gostos estranhos para leitura mas aprecia o melhor que se pode adquirir de cada obra. Está detestando escrever na terceira pessoa e jurando nunca mais fazer isso de novo.
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