São duas as principais formas de expressão cênica: a comédia e a
tragédia, de que se originam tipos intermediários, como o melodrama, a
farsa e a tragicomédia. A tragédia consiste numa representação "séria",
grave, tensa, em que se jogam destinos no ápices de suas possibilidades,
lançadas em situações limite, que não raramente arrastam à morte. A
comédia gira em torno do ridículo e da alegria decorrente. Quando o
ridículo e a alegria são levados às últimas consequências, temos a
farsa. No melodrama, põe-se demasiada ênfase nos aspectos que conduzem à
comoção e à lágrima. E a tragicomédia explora a aliança entre a
gravidade da tragédia e a rapidez da comédia.
Sendo moldes em que
se vazam a matéria teatral, não é raro que se encontrem pontos de
contato entre si. Por isso, para a análise, em princípio tanto faz que
se trate de uma comédia ou de uma tragédia. Mas, se quisermos aprofundar
o conhecimento acerca das técnicas de cada um, devemos analisar
separadamente. É que, em verdade, a adequação de todos os ingredientes
teatrais varia de peça para peça, conforme se trate de qualquer uma das
suas vertentes.
O primeiro aspecto de
atenção diz respeito à estrutura de uma peça de teatro. Neste setor,
como em muitos outros, os especialistas divergem quanto a nomenclatura
empregada e os sentidos que lhe atribuem. Como todo organismo vivo, uma
peça monta-se em partes que se justapõem harmonicamente, formando a
unidade pretendida. O problema inicial consiste em saber quantas e quais
são tais partes, que rótulo podem ostentar e em que subdivisões se
fragmentam.
Pondo de lado o enfoque histórico da questão e as
peças em um ato, limitamos nosso horizonte visual ao seguinte: as partes
principais que integram a peça teatral recebem o nome de atos:
inicialmente cinco, mas mais tarde, no século XIX, reduzem-se a três.
Caracteriza-me por entre eles haver uma suspensão da representação,
baixar a cortina e oferecer-se um intervalo.
As seções em que pode
repartir-se um ato recebem a denominação de cenas, cuja caracterização é
menos simples que a do ato. Pode-se sugerir que se entenda a cena como
cada uma das unidades de ação em que se estrutura o ato. Este evolui
segundo um ritmo bem marcado pela ascensão e descensão do ápice
dramático: cada "momento" da ação, nos limites do ato, que possua
começo, meio e fim, constitui uma cena. Como uma célula dramática dotada
de ação completa no seu desenvolvimento, ainda que dependente do ato em
que se inscreve, e da peça toda.
A questão se complica um pouco
mais quando precisamos subdividir a cena. Poderia se pensar em quadros,
que se evidenciariam pela troca de figurantes dentro de uma mesma cena, a
entrada e a saída deles, marcando quadros. Como o próprio nome sugere, o
quadro daria a impressão de um instantâneo fotográfico, de uma "tomada"
cinematográfica, em que as personagens se deslocariam como que
esteticamente, isto é, a movimentação das personagens não influenciariam
no status global da peça. Na prática se torna um pouco mais complicado
delimitar cenas e quadros, mesmo porque em ambos a troca de personagens é
evidenciada.
Resumo de:
MOISES, Massaud. A análise literária. 17.ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2005.
MOISES, Massaud. A análise literária. 17.ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2005.
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